quinta-feira, 1 de maio de 2008

A moda & arte urbana

Pois, a moda.
O garanhao: é caracterizado essencialmente pelo brinco único com o símbolo da Playboy e pelo acessório de moda gaija boa.
O mete-nojo: tem um casaco ou preto ou branco com letras douradas nas costas a dizer Versace. Tem também um boné preto com letras prateadas a dizer Dolce&Gabana, comprado no mesmo cigano (que por acaso é primo do próprio) a quem comprou o cinto, que é preto com a fivela a dizer D&G, também em prateado brilhante.
O classe média: dorme na rua ou na estação de comboios e tem um gorro preto e branco Armani.
O novo-rico mafioso mete-nojo: tem um BMW bem grande com vidros pretos e tem aspecto de mafioso, para além de mete-nojo. Pode ter também um toque de asqueroso.
As gaijas: uuuuiiii, são boas.

"O único problema da Roménia são os romenos", um turista

A arte urbana


"A negação"


"Esquadria"

Cheguemos a Brasov

Brasov. Chegámos e mal pomos um pé no chão: "Taxi? Taxi? Taxi? Taxi? Taxi? Taxi?". Mas não é só "Taxi? Taxi? Taxi?" e temos também um senhor com um álbum de fotografias daquelas de papel, como havia intigamente. Até pensei que pudessem ser fotos das férias com a família, mas não, eram fotos de um quarto para alugar. Espectacular! Mas nós tinhamos a pousada reservada. Foi azar. Pelos dois décimos de segundo que vi da fotografia o quarto até parecia bonzinho. Ficou-me na memória. Entretanto, "Taxi? Taxi? Taxi?" descemos as escadas, "Taxi? Taxi? Taxi?" percorremos o corredor de saída, "Taxi? Taxi? Taxi?", subimos as escadas, "Taxi? Taxi? Taxi?", sempre acompanhados pelo mesmo senhor "Taxi? Taxi? Taxi?". Na página da internet da pousada vinha a avisar para não aceitarmos as ofertas de taxi... porquê? De vez em quando muda a conversa e diz "To where?" ou "Taxi is cheap". Depois tenta sacar de onde nós somos "Spañol? Francese? Italiano?". O amigo diz "francese". Entretanto chegamos à paragem de autocarros e procuramos o que vai para onde nós queremos. O senhor aconselha: "Taxi is good, bus is bad". "They rob you in bus". E depois propõe: "Bran castle, one day. Go and come back." O senhor era tão chato que quase nem nos apercebemos da ciganada toda nas redondezas. Mas apercebemos.



Toma!!! É só para não dizerem que não tem piscina!!

Chegamos à pousada. É uma vivenda normal que tem um tanque de 2m x 3m. Este tanque dá direito a dizer que a pousada tem piscina. Até dava um mergulho mas o frio é quase de neve e desta vez passo. Temos de tirar os sapatos à entrada. A pousada cheira a mofo. A sala de estar está cheia de cartazes com regras. Não se pode usar a cozinha depois das 20h. Não se pode comer nos quartos. Não se pode trazer álcool de fora. Vende-se cerveja ao mesmo preço do mini-mercado (8 Lei, no super-mercado custa 5 Lei). Mas nem tudo é mau. Ela dá-nos um mapa e explica-nos o que visitar. Descobrimos que afinal Brasov tem mais que visitar do que Paris e eles têm umas visitas turísticas organizadas que são a não perder.
Damos uma volta por Brasov que até é bastante simpática. Passa um carro tuning com umas letras a dizer: Cocaine 24h delivery service. Era um daqueles momentos que gostava de ter fotografado. Almoçamos no restaurante mais caro da cidade. A comida não estava grande coisa, mas estava toda a gente chique bem vestida e nós à backpackers. Isto sim, é de valor.


O João come entrecosto


e eu como carne de porco à portuguesa


Há pouco disse que Brasov era como Paris, mas não... é mais como Hollywood.


E de noite também.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Viagem, parte 2

No autocarro para G.O. o condutor conduz e a senhora de bigode vende os bilhetes. É implacável. G.O. é uma espécie de Entroncamento, por lá passam se cruzam importantes linhas férreas. Como vamos lá ter algum tempo, com sorte há algum sítio com ternet para escrever qualquer coisita no blog. É que andamos a escrever algumas novidades, a contar algumas histórias desta viagem e até a por algumas fotos na ternet, num blog cujo endereço é http://www.de-carroca-pela-romenia.blogspot.com/. Se ainda não conhecem, vão lá visitar. Num daqueles momentos mais aborrecidos do dia, vale a pena. Podem até deixar um comentário, ninguém se zanga. Estava eu a contar, ternet na estação de G.O.. Ora, a estação de G.O. tem três restaurantes... tascos, vá, e bancos corridos de madeira para se esperar. Tem um velhote a dormir sentado com a cabeça pendurada e ressonar tipo Dacia de escape roto e umas quatro comadres a rirem-se do homem.


Para Cinfães?
(diz na internet que esta é a primeira foto do mundo com uma criança careca)

Está um frio de rachar. O nosso comboio saiu por volta da meia noite e chegamos a Ruse, a fronteira búlgara. Saímos do comboio, para comprar o bilhete até Bucareste. São 3:30 da madrugada. Aproximamo-nos de uma bilheteira que tem uma mulherzinha. Ufa, estamos safos, há bilheteiras abertas! O João procura-lhe se vende bilhetes para Cinfães e ela começa a ladrar com má cara, afasta-se do guichet e pira-se. Que maçada. Ou é massada? Não sei. O que é mais chato é que estamos no meio de nada, sem bilhetes. Aborrecido, vá. Mas afinal o nosso mal é sono e lá conseguimos comprar os bilhetes. Falta dinheiro e tive de levantar 10€ que me custaram 13€. É o preço do dinheiro. A estação de Ruse tem uma casa de banho aberta 24h, guardada 24h. À entrada tem um guichet, com o todo-poderoso guardador de casas de banho. A estas horas encontra-se a dormir, e avaliando o poder do ressonar, teria uns 65 anos, 93 kg e lixo nas unhas. Os pelos do seu bigode, em contacto com o tampo da secretária sobre a qual dorme, são super-sensíveis. Desenvolveu esta sensibilidade, quase um sexto sentido, ao longo das décadas a guardar esta casa de banho. Os seus pelos permitem-lhe sentir quaisquer vibrações de passos humanos com intenção de irem à casa de banho, permitindo-lhe assim dormir e despertar assim que o seu disposito sensorial o notificar. Apesar da guarda, ainda consegui ver que a casa de banho tinha uma decoração art-deco, dos anos 30, na Bulgária anos 70, com azulejos verdes com um padrão circular, até à altura da porta e pintura de vermelho daí até cima. Bonito. Mas não estamos aqui para ver museus. Temos uma viagem para fazer.
Entramos no comboio. Mostramos o passaporte. Depois de muito tempo o comboio parte e atravessamos o Danúbio. Tirámos fotos fantásticas, mas não as vamos pôr aqui. Chegamos ao lado romeno. Mostramos os passaportes de novo e ficamos parados uma pequena eternidade. Às 6:00 chegamos à estação de Bucareste, a nossa casa. Por acaso em romeno, Bucareste chama-se Bucuresti, com uma cedilha no 's'. Vamos a correr comprar bilhete para Brasov, com cedilha no s, e que se lê bráchove. O comboio era por volta das 6:15 e perdemos o comboio porque talvez estivéssemos com sono e não conseguimos encontrar a linha de onde partia. Fomos trocar o bilhete para um comboio que custava o dobro, mas que também só tinha metade da ciganada. Até acaba por ser bom negócio. Partimos às 7:30 e chegamos às 10:30 a Brasov. Sair de Sofia às 13:00 e chegar a Brasov às 10:30 chama-se trainlag. Trainlag fui eu que inventei.


Transbalkan Express

segunda-feira, 24 de março de 2008

Salão Automóvel Romeno: o Dacia dos meus sonhos









Epopeia: A Casa-de-Banho

Há sempre aquela frase, "ah isso é normal quando se viaja... é o relógio biológico e tal... devias beber um iogurte bifidus activo...".

E quanto a isso eu digo: "paneleirices, é o que é".

A verdade é que não foi fácil. A única coisa que o meu organismo expulsou nos primeiros dois ou três dias foi o leite estragado (leite batut ou uma cena assim) mas foi num vómito repentino.
Durante a viagem para Sófia o intestino pareceu querer colaborar, mas como já sabem, quando me aproximei da casa de banho do comboio... FÓNIX!!!!!

De maneiras que o tempo foi passando sem novidades. O meu intistino parecia não conseguir triunfar até que no final do primeiro dia em Sófia (e se calhar com um empurrão da comidinha daquele restaurante búlgaro do canhão):

TRIUNFO

Digamos que não foi bem um triunfo, mas um triunfozinho em mau estado... assim como arco do triunfo de Bucareste em obras.
Na verdade, senti-me uma pessoa sem moral: a primeira vez foi numa casa-de-banho de um bar...

Já em Veliko Turnovo, fomos criteriosos na escolha do local para jantar. Os critérios foram os seguintes por ordem decrescente de importância:
1 - rápido que está a chover cumó catano;
2 - aparência de ter uma boa casa-de-banho;
3 - existência de talher;
4 - boa comida;
5 - preço reduzido (já sabíamos que, mais cêntimo menos cêntimo, seria barato, por isso demos pouca importância a este critério).

Para perceberem a importância que demos ao factor casa-de-banho, temos que dizer que todas as casas-de-banho públicas eram pagas. As poucas alternativas eram os restaurantes.
A acrescer a tudo isto, dentro de pouco tempo teríamos mais uma viagem de várias horas de comboio seguida de ainda outra viagem de... várias horas de comboio. Nenhum de nós queria considerar a hipótese de usar a casa-de-banho do comboio (ver posts anteriores).
Decidimo-nos por um restaurante com um aspecto bastante fino. Os donos eram um bocado incultos: não sabiam o nome de todas as capitais europeias. Mas estava Lisboa... por nós tudo bem.
Assim, após nos termos refastelado com boa comida, boa cerveja e mau molho de soja escrito em português, decidi ir finalmente experimentar os aposentos sanitários.
A empregada de mesa feia não percebeu a palavra "toilete", nem "bathroom", nem "w.c.", nem "a casa-de-banho, c#$%&@£!!!!". De maneiras que teve de ser a emprega gira a indicar-nos uma porta.
Quando cruzei a porta, parecia que estava num estúdio de TV e acabava de passar para outro cenário. Dei comigo numa espécie de corredor duma escola primária. E quando cheguei à casa de banho o que é que aconteceu?
Estava uma senhora a cobrar 0.20 lev para usar a poltrona de porcelana. Ou pelo menos era isto que eu pensava quando fiz o seguinte raciocínio: "bolas... mais vale pagar 10 cêntimos para obrar numa sanita asseada do que de borla na sanita do comboio".
Assim fiz: paguei. E... não é que a sanita não estivesse asseada... mas simplesmente não havia sanita. Apenas um daqueles buracos onde alguém mais sensível ainda pensou "eh pah, cagar de pé tudo bem, mas sem uma destas marcas para por os pés é que não...".

Fiz o que tinha a fazer, voltei para a mesa e avisei o Rui que não valia a pena ir à casa-de-banho. Até porque eu tinha gasto o papel todo e duvido que por o.20 lev a senhora lhe desse um rolo de papel higiénico.
Que fixe termos optado por um restaurante fino...

P. S. - Senti-me emocionalmente mal. Posso dizer que por pouco não paguei pela minha primeira vez...

A sra. viagem.

"Thou shall not pirilampate the woman of the next" L. Dérmio

O plano é: arranquemos de Sofia pela manha, vamos para Veliko Turnovo, visitamos, depois autocarro para Gorna Oriahovitsa e depois comboio para Ruse, Bucareste e Brasov. Parece simples e realmente é.

Apanhemos o autocarro da pousada para a estação de autocarros. Como trazemos as malas obrigam-nos a comprar dois bilhetes extra por causa das malas. Está bem, está. Lá se vão mais 40 cêntimos a cada um.
Vamos para a estação dos expressos. Sim, espectacular. Sofia tem uma estação de expressos. E passa boa música. Dire Straits, Madonna (Isla Bonita). Existem uma boa quantidade de guichets, de cada companhia de transporte e é preciso adivinhar qual é o guichet que vai para onde se quer ir. Um guichet ao lado e vais parar ao quinto dos infernos, que diz que é perto da fronteira com a Moldávia.



Põem-nos uma etiqueta na mala que dá uma falsa sensação de confiança que és tu que ficas com a tua mala no fim da viagem e não o amigo do lado.

A viagem é agradavelzinha e até chegamos onde queremos, a Veliko Turnovo. Deixamos as malas na "estação" dos expressos, numa dispensa (Hmmm... Será que cá vão estar quando voltarmos?). O turista faz coisas que o comum mortal nunca faria. O dia está a correr lindamente. A cidade tem restaurantes e até tem um posto de turismo. O primeiro que encontramos nesta odisseia. As tipas... não! ... As badamecas que nos atendem são extremamente simpáticas e até dá vontade de lá voltar. Com um tractor carregado de bosta. Mas, em vez disso, compramos lá postais. Ao olhar para os postais, apercebemo-nos que uma das atracções turísticas é um cruzamento com alguns viadutos. É fenomenal. Vale a pena ir lá ver a obra. Seguimos. Compramos selos. A mulherzinha dos correios não nos deixa comprar selos sem serem de correio prioritário. Quero ir à casinha numa espécie de terreno de uma casa abandonada, mas sou interrompido por senhor muito simpático e falador. Não parece incomodá-lo o facto de não percebermos nada do que diz, e a conversa alonga-se até deseducadamente deixarmos o senhor a falar sozinho. Se calhar estávamos na sua casa e nem nos apercebemos. Aqui ficam as nossas desculpas.
Veliko Turnovo era a capital da Bulgária antes de Sofia. Para além disso, tem o tal cruzamento com viadutos, o posto de turismo e uma fortaleza que estava fechada quando lá chegámos e que, como tal, não chegámos a visitar. No entanto, tem um mini-mercado que vende aguardente e uma loja que vende porta-chaves.
Só falta jantar e ir embora. Escolhemos o melhor restaurante da cidade. Tem pendurados os símbolos de grande parte das capitais europeias, incluindo Lisboa, mas não Sofia. Arrotamos três eurios e meio cada um. O João tem uma história gira para contar sobre este restaurante, que envolve a casa de banho, mas merce um post dedicado, e, por isso, vou deixar ser ele a contar, já que foi ele que a viveu ao vivo, a cores, e de pé.


Diz que é molho de soja forte.

Perguntamos onde se apanha o autocarro para Gorna Oriahovitsa a umas transeuntes locais. São mulheres e dizem que temos de caminhar meia hora no sentido X daquela rua até à paragem do autocarro e que o autocarro vai no mesmo sentido X. Acabamos de tirar a foto com as locais e passa o autocarro mesmo mesmo mesmo à nossa frente no sentido -X. Fiquei com a ideia que elas queriam que nós lá passassemos a noite.




Nesta foto o João ficou com os olhos um pouco arregalados, não porque elas fossem bem boas e ele estivesse a pensar "Comia-as todas", mas sim porque rapidamente se aproximava de nós um lobisomem com sarampo, e eu quando era pequeno não cheguei a ter sarampo.

Como podem ver, os posts em portugues são muito ligeiramente mais sarcásticos e sacanas do que os em inglês. Poder-se-á alegar que é a própria língua do Fernando e do Luís que se propicia a isso. Mas não. É mesmo falta de educação. É que mandei às amigas búlgaras o endereço do blog. Que pessoa tão ruim.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Um post a dizer mal do João



João gets his camera.
- Let me take a photo...
- Yes, let's take photo all toghether!
- No... a photo of the food!

Beautiful!




In this photo, I prefer to imagine that João was really drunk. Very very drunk. Amen.