quinta-feira, 17 de abril de 2008

Viagem, parte 2

No autocarro para G.O. o condutor conduz e a senhora de bigode vende os bilhetes. É implacável. G.O. é uma espécie de Entroncamento, por lá passam se cruzam importantes linhas férreas. Como vamos lá ter algum tempo, com sorte há algum sítio com ternet para escrever qualquer coisita no blog. É que andamos a escrever algumas novidades, a contar algumas histórias desta viagem e até a por algumas fotos na ternet, num blog cujo endereço é http://www.de-carroca-pela-romenia.blogspot.com/. Se ainda não conhecem, vão lá visitar. Num daqueles momentos mais aborrecidos do dia, vale a pena. Podem até deixar um comentário, ninguém se zanga. Estava eu a contar, ternet na estação de G.O.. Ora, a estação de G.O. tem três restaurantes... tascos, vá, e bancos corridos de madeira para se esperar. Tem um velhote a dormir sentado com a cabeça pendurada e ressonar tipo Dacia de escape roto e umas quatro comadres a rirem-se do homem.


Para Cinfães?
(diz na internet que esta é a primeira foto do mundo com uma criança careca)

Está um frio de rachar. O nosso comboio saiu por volta da meia noite e chegamos a Ruse, a fronteira búlgara. Saímos do comboio, para comprar o bilhete até Bucareste. São 3:30 da madrugada. Aproximamo-nos de uma bilheteira que tem uma mulherzinha. Ufa, estamos safos, há bilheteiras abertas! O João procura-lhe se vende bilhetes para Cinfães e ela começa a ladrar com má cara, afasta-se do guichet e pira-se. Que maçada. Ou é massada? Não sei. O que é mais chato é que estamos no meio de nada, sem bilhetes. Aborrecido, vá. Mas afinal o nosso mal é sono e lá conseguimos comprar os bilhetes. Falta dinheiro e tive de levantar 10€ que me custaram 13€. É o preço do dinheiro. A estação de Ruse tem uma casa de banho aberta 24h, guardada 24h. À entrada tem um guichet, com o todo-poderoso guardador de casas de banho. A estas horas encontra-se a dormir, e avaliando o poder do ressonar, teria uns 65 anos, 93 kg e lixo nas unhas. Os pelos do seu bigode, em contacto com o tampo da secretária sobre a qual dorme, são super-sensíveis. Desenvolveu esta sensibilidade, quase um sexto sentido, ao longo das décadas a guardar esta casa de banho. Os seus pelos permitem-lhe sentir quaisquer vibrações de passos humanos com intenção de irem à casa de banho, permitindo-lhe assim dormir e despertar assim que o seu disposito sensorial o notificar. Apesar da guarda, ainda consegui ver que a casa de banho tinha uma decoração art-deco, dos anos 30, na Bulgária anos 70, com azulejos verdes com um padrão circular, até à altura da porta e pintura de vermelho daí até cima. Bonito. Mas não estamos aqui para ver museus. Temos uma viagem para fazer.
Entramos no comboio. Mostramos o passaporte. Depois de muito tempo o comboio parte e atravessamos o Danúbio. Tirámos fotos fantásticas, mas não as vamos pôr aqui. Chegamos ao lado romeno. Mostramos os passaportes de novo e ficamos parados uma pequena eternidade. Às 6:00 chegamos à estação de Bucareste, a nossa casa. Por acaso em romeno, Bucareste chama-se Bucuresti, com uma cedilha no 's'. Vamos a correr comprar bilhete para Brasov, com cedilha no s, e que se lê bráchove. O comboio era por volta das 6:15 e perdemos o comboio porque talvez estivéssemos com sono e não conseguimos encontrar a linha de onde partia. Fomos trocar o bilhete para um comboio que custava o dobro, mas que também só tinha metade da ciganada. Até acaba por ser bom negócio. Partimos às 7:30 e chegamos às 10:30 a Brasov. Sair de Sofia às 13:00 e chegar a Brasov às 10:30 chama-se trainlag. Trainlag fui eu que inventei.


Transbalkan Express